quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Não há mais tempo




Não há mais tempo
Dizem os oráculos
Lamentam as pedras
Choram os rios...
Não há mais tempo
Para tergiversar
Para mentir
Para desfraldar asneiras
Não há mais tempo para enrolar
- aqui
- ali
- alhures!
Não há mais tempo
Gritam as matas
Berram as montanhas
Lastimam-se os oceanos...
Não há mais tempo
Para confundir
Para simular
E sacramentar lamentos
- aqui
- ali
- alhures!
Não há mais tempo
Ganem os jardins
As cidades blindadas
As estrelas solitárias...
Não há mais tempo
Para enganar a fome
Driblar a miséria
Regurgitar ou engolir loucuras
- aqui
- ali
- alhures!
Não há mais tempo
Sentenciam os homens de paz
Segredam as raízes do cálamo...
Não há mais tempo
Para mentir
Para sofrer
Inventariar despojos
Sob a gris abóbada
Não há mais tempo para amores venais
- aqui
- ali
- alhures!
Não há mais tempo
Proclamam
Os velhos
Que de tão velhos
São sábios...
Não há mais tempo
Decretam
As trombetas
Que de tão fortes
São armas...
Não há mais tempo


Manoel Soares Magalhães





3 comentários:

  1. Há décadas percebo e escrevo sobre a contagem regressiva planetária!
    3...2...1...zero! Booooom! A eco apocalipse é inegável! Perdemos ricos tempos de nossa vidas´numa causa - ou "via crucis" (?) - que demonstra que não perdemos "tempos de ricos", que nada levarão e nem exemplos deixarão!

    Perfeito amigo!

    No "front" ecológico a caneta, o teclado e os argumentos defendem mais do que a baioneta!

    Do amigo & parceiro. Sucesso sempre!
    Gilnei Fróes

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  2. Manoel, um poema que traduz, vivamente, nossa realidade hoje no Planeta Terra. Parabéns!

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  3. Ha muinto tempo li o livro Antes que a natureza morra. Um dias destes peguei o livro na estante e disse para mim mesmo, ela esta morrendo. Ainda creio numa esperança, as baionetas.

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