quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Mais de 125 baleias morrem na costa da Nova Zelândia
Cerca de 125 baleias morreram na Nova Zelândia após encalharem no fim de semana. Moradores locais, turistas e ambientalistas conseguiram salvar no domingo (27) 43 mamíferos que voltaram ao mar, na praia Colville Bay, ao norte de Coromandel. No sábado (26), em Farewell Spit, a oeste da cidade de Nelson, 105 baleias também morreram atoladas, segundo os agentes de conservação.
Os voluntários mantiveram as animais encontradas no domingo molhados durante todo o dia. “Das cerca de 63 baleias encalhadas, temos 43 vivas”, afirmou Ranger Steve Bolten, do Departamento de Conservação da Nova Zelândia.
Baleias encontradas no sábado (26) estavam fora d´água há muito tempo e foram sacrificadas (Foto: Steven McNicholl/AP)
“Da última vez que as vimos, estavam nadando saudáveis para o alto mar”, afirmou Lyn Williams, porta-voz das autoridades locais de preservação. “Uma delas deu à luz um filhote logo depois de retornar para a água”, disse.
Voluntários molharam as baleias durante todo o domingo (27) para garantir a sobrevivência dos animais (Foto: Steven McNicholl/AP)
Segundo o Departamento de Conservação da Nova Zelândia, a expliçação para o acidente pode ser o fato de uma das baleias ter ficado doente ou o sonar natural dos mamíferos ter levado o grupo para o raso.
Turistas e ambientalistas ajudaram a resgatar as baleias. 43 mamíferos conseguiram voltar ao mar. (Foto: Steven McNicholl/AP)
O acidente de sábado, em Farewell Spit, foi descoberto por um piloto de avião e apenas 30 animais estavam vivos quando os ambientalistas chegaram ao local. “Eles estavam em mau estado. Pelo tempo que temos lá dois terços deles já havia morrido e tivemos que sacrificar o resto”, afirma Hans Stoffregen, do Departamento de Conservação.
De acordo com Stoffregen, as baleias estavam fora d´água há muito tempo, “estava muito quente e elas estavam muito estressadas. Podíamos ver a dor e o sofrimento em seus olhos”, disse.
Outra baleia foi encontrada morta em uma praia próxima à região na noite de domingo e Stoffregen estimou que pode haver mais delas espalhadas pela costa.
As duas regiões registram com frequência casos de baleias encalhadas, principalmente no verão, quando os animais passam pela Nova Zelândia em direção à Antártica para reprodução.
Fonte: G1
E o espaço público, hem!
Foto de Nauro Junior
Fico pensando no coitadinho do Planeta, tão vilipendiado pelas grandes potências, que, para enriquecerem, jogam à natureza gases, resíduos tóxicos e outras tantas agressões, às quais, se houvesse um pouquinho só de bom senso, não estariam ocorrendo.
Deixando a escala mundial de agressões, e detendo-me em nossa vida doméstica, onde também ocorrem violências contra a natureza, não fico menos surpreendido com a forma relaxada com que tratamos o meio-ambiente. Ai eu me pergunto: como salvar o Planeta se não temos competência sequer para cuidar do espaço público?
Refiro-me à forma como o centro de Pelotas foi tratado nos dias que antecederam à festa natalina. Todas as manhãs, quem passasse pelo calçadão da Andrade Neves – e adjacência, tinha certeza de estar enfiado até o pescoço numa lixeira. Toneladas de lixo, na verdade, exposto céu aberto. Havia pessoas fazendo a varredura, mas os relaxados, em maior número, tornavam a sujar, disparando em direção às compras.
Por que as pessoas não jogam lixo nas lixeiras? É simples, prosaico. À nossa frente, a poucos metros, a lixeira escancara-se. E o que fazemos? Jogamos o que tiver de jogar no chão, sem nenhuma preocupação com o espaço público. Dane-se! Afinal, é zona de ninguém!
Estamos redondamente enganados. Por ser espaço público e pertencer a todos nós, precisamos respeitá-lo! Aliás, urge maior respeito! Podemos sujar nossas casas, exercitando como quisermos nossa negligência. No público, não. Nele não deveríamos sequer jogar uma guimba no chão.
Confesso que, às vezes, o desejo de lutar pela preservação da natureza esmorece dentro de mim, murchando como flor não regada. Também pudera! Não conseguimos cuidar nem dos logradouros públicos, como imaginar, em escala maior, possível salvar o Planeta da sanha assassina dos poderosos?
O dia em que hesitarmos diante de cuspir ou não cuspir no chão, talvez nosso espírito salvacionista venha à tona, transformando-se num tornado, força tsunâmica capaz de alterar o destino da Terra.
Sonhemos, amigos, sonhemos.
Sonhemos, amigos, sonhemos.
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
SOS... Papai Noel
Sempre acreditei em Papai Noel! Meias coloridas, longas (...para caber mais presentes!) deixava colocadas, à noite, nas janelas envidraçadas da Fazenda da Vó Mimosa, em Santo Amor, Morro Redondo quando ainda era da Comarca de Pelotas! Essa era nossa a magia da noite anterior de Natal. Hoje, Morro Redondo é Município autônomo, progressista de etnia germânica e italiana.
Naquela época anos 50 acreditava viagem de Papai Noel e na força de suas renas, no trenó colorido com lampiões, fazendo muitas viagens daquela imensa fábrica de brinquedos, na terra do Sol da Meia Noite, do mar de fartura de bacalhau e aquela esplendorosa Aurora Boreal, lá da Lapônia.
Quando criança sem mapas nem internet - ficava imaginando o globo terrestre flutuando no espaço! E me indagava: O que era o Círculo Polar Ártico? Era perto na Suécia, da Noruega, da Rússia ou da Finlândia? E a tal de Antártica? Como poderia fazer mais frio do que o freezer de nossa geladeira norte americana? Como as renas voavam, sem comer nem descansar, carregadas de presentes para todo mundo? Da onde saia tantos presentes?
Mil explicações não convenciam nossa curiosidade para perceber a tal Aurora Boreal, (...que sabemos são partículas provenientes do Sol que geram o vento solar quando carregados de elétrons dos átomos de oxigênio e nitrogênio da atmosfera ) produzem efeitos multicoloridos impressionantes!
Mas...a combinação de Lua Cheia nesta Floresta de Neve em franco derretimento com pinheiros (coníferas) alces, linces, martas, renas, águias, falcões, ursos dorminhocos e inteligentes cães Ruschies, castores nos rios congelados e uivos de lobos é uma receita anti-natalina... para se esquecer o tal (Dês)Acordo de Copenhagen? Porque derreteram as esperanças da população global? E o futuro das crianças de hoje? Porque o gelo desaparece nas barbas e caras de todo mundo?
O que os cristãos têm a dizer sobre a Natureza da Terra... lá na do fim do mundo, na Terra da Natureza de nossos sonhos que são transformados (...pelo aquecimento global) em pesadelo apocalíptico? Que outras estórias poderemos contar aos nossos filhos e netos? Que a casa do Papai Noel na Lapônia não existe?
Não sei o que direi a minha neta Laura, (...congelada pelas relações glaciais de seus pais separados) que nem sabe que Vovô Noel existe! Tampouco que promessa de vida da natureza íntegra posso fazer à filha Samantha com 13 anos? Ou que prometerei aos demais filhos adultos? (Francis, Tais, Cristian, Alexander) ... nesse mar de consumismo!
Prometi só dar um abraço e beijos nos familiares e amigos! Pois os bonitos embrulhos e enfeites de Natal geram milhões de toneladas de lixo em todos os países! Por tudo que fiz, escrevi pela Educação Ambiental e conscientização coletiva acredito que o mendigo Papai Noel, representa o estado de espírito do desgaste dos ambientalistas versus o espírito do Estado super-nutrido por impostos, taxas e descasos (...com nossos apelos e razões científicas!), congelando uma irracionalidade do poder versus sociedade.
Na adianta mais mandar uma cartinhazinha... dizendo que roubaram até as esperanças de futuro das crianças! ...e que, para fugir do aquecimento global, nem posso pedir uma viagem de ida para o Pólo Norte, pois nessa incerteza ambiental natalina, até Papai Noel colocou as barbas de molho!
Como evitar o desperdício de água, energia e extermínio de todos os recursos naturais, pensando na sustentabilidade das gerações futuras do Planeta Terra? Como explicar para Papai Noel que só queremos a Amazônia íntegra com sua riqueza de biodiversidade? ... com seus esquecidos povos da floresta e seres
Porque a população não tem incentivos políticos para não utilizar água potável (pura e tratada) em vasos sanitários? Porque depois tudo é lançado (...irresponsavelmente!) nos rios, lagoas e oceanos? Porque uma casa que aproveita a água da chuva (para lavar carros, jardins e pisos!) e tenha energia solar, não pode ser isentada das exorbitantes taxas (IPTU) de impostos urbanos?
Os Papais Noéis ambientalistas continuarão órfãos das eco políticas publicas? Como pensar em Natal Iluminado, em meio à possibilidades de colapso energético e apagões? As superpotências continuarão com brinquedos de guerras?... Ou, entre a geopolítica da Lapônia finlandesa, suéca e da Groelândia (...território autônomo pertencente a Dinamarca) governantes, como donos do Poder, deixarão todas as populações reféns ( do aquecimento e esquecimento globasl) com ameaças de guerras de brinquedo? ... pela disputa entre si pela residência oficial do bom velhinho?
Nesta (DEScongelada) terra de fadas, duendes, mil sagas e estórias rendem (...livros, filmes! Presentes) num puro comércio! ...esquecendo que o espírito de Natal está sendo catado pelo último Papai Noel que defende o Natal do espírito numa reciclagem da mente em defesa das energias da Natureza.
Como desejar Boas Festas, num prenúncio de desacordo de Copenhagen & vésperas de uma ecoapocalipse global?
Gilnei Fróes
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
Um oceano de plástico
Em termos de danos à vida humana, à vida dos animais, imaginamos que já vimos de tudo. Engano. Infelizmente a vida nos reserva outros exemplos de desleixo e crueldade para com o patrimônio planetário. Vejam e leiam com seus próprios olhos.
MSM
Durabilidade, estabilidade e resistência a desintegração. As propriedades que fazem do plástico um dos produtos com maiores aplicações e utilidades ao consumidor final, também o tornam um dos maiores vilões ambientais. São produzidos anualmente cerca de 100 milhões de toneladas de plástico e cerca de 10% deste total acabam nos oceanos, sendo que 80% desta fração vem de terra firme.
No oceano pacífico há uma enorme camada flutuante de plástico, que já é considerada a maior concentração de lixo do mundo, com cerca de 1000 km de extensão, vai da costa da Califórnia, atravessa o Havaí e chega a meio caminho do Japão e atinge uma profundidade de mais ou menos 10 metros. Acredita-se que haja neste vórtex de lixo cerca de 100 milhões de toneladas de plásticos de todos os tipos.
Pedaços de redes, garrafas, tampas, bolas, bonecas, patos de borracha, tênis, isqueiros, sacolas plásticas, caiaques, malas e todo exemplar possível de ser feito com plástico. Segundo seus descobridores, a mancha de lixo, ou sopa plástica tem quase duas vezes o tamanho dos Estados Unidos.
O oceanógrafo Curtis Ebbesmeyer, que pesquisa esta mancha há 15 anos compara este vórtex a uma entidade viva, um grande animal se movimentando livremente pelo pacifico. E quando passa perto do continente, você tem praias cobertas de lixo plástico de ponta a ponta.
Tartaruga deformada por aro plástico
A bolha plástica atualmente está em duas grandes áreas ligadas por uma parte estreita. Referem-se a elas como bolha oriental e bolha ocidental. Um marinheiro que navegou pela área no final dos anos 90 disse que ficou atordoado com a visão do oceano de lixo plástico a sua frente. 'Como foi possível fazermos isso?' - 'Naveguei por mais de uma semana sobre todo esse lixo.
Pesquisadores alertam para o fato de que toda peça plástica que foi manufaturada desde que descobrimos este material, e que não foram recicladas, ainda estão em algum lugar. E ainda há o problema das partículas decompostas deste plástico. Segundo dados de Curtis Ebbesmeyer , em algumas áreas do oceano pacifico podem se encontrar uma concentração de polímeros de até seis vezes mais do que o fitoplâncton,
base da cadeia alimentar marinha.
Todas a peças plásticas à direita foram tiradas do estômago desta ave·
Segundo PNUMA, o programa das nações unidas para o meio ambiente, este plástico é responsável pela morte de mais de um milhão de aves marinha todos os anos. Sem contar toda a outra fauna que vive nesta área, como tartarugas marinhas, tubarões, e centenas de espécies de peixes.
Ave morta com o estômago cheio de pedaços de plástico·
E para piorar essa sopa plástica pode funcionar como uma esponja, que concentraria todo tipo de poluentes persistentes, ou seja, qualquer animal que se alimentar nestas regiões estará ingerindo altos índices de venenos, que podem ser introduzidos, através da pesca, na cadeia alimentar humana, fechando-se o ciclo, na mais pura verdade de que o que fazemos à terra retorna à nós, seres humanos.
De carbono zero? Que casa é essa?!
Arquitetos da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, apresentaram nesta quarta-feira uma casa de carbono zero que pode vir a ser produzida em série no país em um futuro próximo.
A casa de quatro quartos, localizada nas proximidades da cidade de Staplehurst, utiliza uma técnica aplicada na construção de casas da época medieval e vista como mais eficiente na contenção de emissões de gases causadores do efeito estufas.
"O design é econômico, já que a casa é relativamente fácil de ser construída e, a partir do momento em que você sabe o que está fazendo, é rápido", afirmou o desenhista Michael Ramage, do Departamento de Arquitetura da Universidade de Cambridge.
Mais de um quarto (27%) das emissões de gases causadores do efeito estufa da Grã-Bretanha é gerado por residências, o que contribui de forma significativa para o aquecimento global.
Poucas casas são movidas unicamente por energia solar e muitos designs são muito caros, inviabilizando a produção em massa.
Projeto une técnica medieval com novas tecnologias.
O governo britânico quer que todas casas novas sejam livres de emissões de gases causadores do efeito estufa em 2016.
Leveza e resistência
A construção em forma de arco é basicamente uma câmara de 20 metros coberta com terra e plantas, que servem de camuflagem e ajudam a construção a se mesclar com o ambiente rural.
O projeto é uma adaptação de uma técnica medieval que utiliza tijolos finos para criar construções leves e duráveis.
Assim, a casa adquire resistência estrutural e, ao mesmo tempo, evita a utilização de materiais que consomem muita energia na sua produção, como concreto armado.
A estrutura também fornece uma grande quantidade de massa térmica, permitindo a casa a reter calor, absorver flutuações de temperatura e reduzir a necessidade de sistemas de aquecimento ou resfriamento.
Qualquer aquecimento adicional é provido pela combinação de sistemas fotovoltaico e térmico de aquecimento, que capta energia solar.
27% das emissões de gases na Grã-Bretanha vem de residências.
Além disso, um aquecedor de 11kW de biomassa foi instalado na casa para fornecer energia quando o sol tiver aparecido por alguns dias.
O isolamento térmico é feito com papel de jornal reciclado.
"A construção mostra como o design contemporâneo pode promover materiais locais e integrar novas tecnologias para produzir um prédio altamente auto-sustentável", afirmou o arquiteto responsável pelo projeto, Richard Hawkes, que será o primeiro ocupante da casa.
Fonte: BBC Brasil
Ásia: Índia liberta último 'urso dançarino'
O último dos chamados "ursos dançarinos" foi libertado na Índia, encerrando uma tradição centenária que organizações de direitos dos animais atacavam por submeter animais a sofrimento e maus tratos.
Raju, um urso de quatro anos de idade, foi solto em uma área de proteção ambiental no sul da cidade de Bangalore.
Por séculos, os "ursos dançarinos" divertiram platéias de espectadores na Índia. Mas a atividade foi proibida em 1972, por causa do mau tratamento a que os animais eram submetidos.
Mais de trinta anos após a proibição da atividade, uma campanha do governo em parceria com organizações não-governamentais levou sete anos fez cumprir a lei.
Como parte da iniciativa, o governo indiano dá treinamento para os tratadores, ou kalandars, sustentarem as suas famílias fazendo outro tipo de trabalho.
Maus tratos
Depois de resgatar Raju, veterinários realizaram o que esperam ser a última operação para retirar a corrente de um urso dançarino. O urso estava preso por uma corda que trespassava um buraco em seu focinho.
Em muitos casos, a perfuração, a ferro quente, tinha de ser feita duas, três vezes, explicaram os veterinários.
Mary Hutton, da ONG australiana Free the Bears Fund, disse que Raju era mantido em cativeiro por uma "parafernália" de instrumentos, que incluía um anel de metal, a corda e um bastão, com o qual o tratador puxava o anel e controlava o animal.
"É o ultimo urso resgatado das estradas da Índia, o fim da atividade", comemorou a ativista.
Ao ser solto na reserva natural, Raju se une a outros 600 ursos libertados que, após séculos de cativeiro, já não conseguiriam sobreviver na natureza.
Fonte: BBC Brasil
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
domingo, 20 de dezembro de 2009
AUGÚRIOS
Contemplo tão
Magoado céu
Por fatal gás invadido
Arrancado dos olhos
Aflitas lágrimas
De sal
De sangue
Em cujo vácuo
Desolada nave
Andeja
Não menos magoada
Tal qual a lua
Outro barco a correr
Que se desfaz
Lentamente
Num pranto
De Luz
Contemplo tão
Magoado céu
Ferido em seu cerne
Sangrando
Deixando fruir
Sobre a terra
Pálido gás azul
Que se oxida
Ceifando vidas
Humana
Animal
Vegetal
Contemplo tão
Magoado céu
Por ferragens
Invadido
Antes fossem pipas
Colorindo sonhos
Anseios
Quimeras
De quem ainda
Esperança tem
Na sobrevivência
Do sol
Da lua
Da terra
Contemplo tão
Magoado céu
Manoel Soares Magalhães
sábado, 19 de dezembro de 2009
Melancólico fim
Os jovens, o futuro do Planeta, foram o ponto positivo na Conferência.
A Conferência de Cúpula de Copenhage terminou hoje. Deveria ter acabado ontem, mas, para não dar impressão de fracasso, os negociadores – que ficaram na Dinamarca cumprindo hora extra, rendendo os líderes mundiais que apressaram a saída - assinaram um acordo de intenções que não tem nenhum valor legal. Quem não cumprir o assinado não será acionado judicialmente. Um término melancólico, para não dizer trágico.
Manoel Soares Magalhães
PRÉ APROVAÇÃO DE ALGO QUE NÃO VALE NADA
Ontem, durante todo o dia, os chefes de Estado realizaram reuniões para tentar chegar a um acordo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encarnou o papel de mediador entre os ricos e os emergentes e recebeu, em seu hotel, Nicolas Sarkozy (França), Angela Merkel (Alemanha) e Gordon Brown (Reino Unido), além do premiê chinês, Wen Jiabao.
O brasileiro também pôs na mesa a possibilidade de "dar dinheiro" para o fundo que ajudaria países em desenvolvimento a adotar medidas pelo clima. "Estamos dispostos a participar do financiamento se nós nos colocarmos de acordo numa proposta final, aqui." Não funcionou. Por fim, tentou conciliar os gigantes poluidores, Wen e o americano Barack Obama, na busca de uma linguagem adequada para atender aos dois antagonistas, no texto final. À noite, todos os líderes deixaram Copenhague visivelmente insatisfeitos, embora com a certeza do acordo.
Durante a madrugada, o diálogo só piorou. O texto pré-aprovado por, no total, 30 países rios, emergentes ou em desenvolvimento, foi barrado por países como Tuvalu, Venezuela, Bolívia, Cuba e Sudão, para quem a adoção de um acordo com o qual não tinham colaborado não era uma opção. Houve intensos debates.
Já neste sábado, o presidente da Conferência, o primeiro-ministro dinamarquês Lars Lokke Rasmussen, fez uma pausa de algumas horas na sessão, para consultar com os advogados uma possível saída. O meio encontrado foi a "tomada de nota" que, de acordo com o diretor da ONG Union of Concerned Scientists (União dos Cientistas Preocupados, em inglês), Alden Meyer, significa que "há status legal suficiente para que o acordo seja funcional, sem que seja necessária a aprovação pelas partes".
O acordo pré-aprovado --que Obama definiu como "insuficiente"-- trazia como metas limitar o aquecimento global a 2ºC e criar um fundo que destinaria US$ 100 bilhões todos os anos para o combate à mudança climática --sem nenhuma palavra sobre metas para corte em emissões de CO2, a grande expectativa da cúpula, que era pra ser a maior do século.
O desacordo levou algumas delegações a afirmar que o impasse na cúpula do clima estava próximo do da rodada Doha. Um integrante da delegação sudanesa comparou políticas dos países desenvolvidos ao Holocausto, dizendo que o aquecimento global está matando gente na África.
Já ontem, diante do inevitável fiasco de Copenhague, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, convocou uma nova reunião para Bonn, na Alemanha, em junho. A próxima COP está marcada para dezembro de 2010 no México.
Fonte: Folha de S.Paulo
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Cúpula do clima termina sem acordo e líderes estudam nova reunião
No último dia da Conferência do Clima em Copenhague, o líder José Luis Zapatero, da Espanha, chega para sessão na manhã desta sexta-feira.
A 15ª Conferência da Mudança do Clima da ONU (COP-15), que ocorre em Copenhague, termina nesta sexta-feira (18) sem acordo entre países ricos e emergentes. Líderes optarão por fazer apenas uma declaração política, segundo fontes ouvidas pela Folha.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que há dois dias tenta mediar com o francês Nicolas Sarkozy uma saída do impasse, declarou-se "frustrado" em plena sessão plenária com líderes mundiais, em discurso antes da declaração final. Na plateia estão Barack Obama, Gordon Brown, Wen Jiabao, Angela Merkel e outros.
Lula fez também uma oferta de doação para um fundo global de combate à mudança climática, como antecipado pela Folha na última quarta-feira.
O secretariado da ONU responsável pela convenção do clima estuda convocar um novo encontro no próximo semestre, uma espécie de COP-15 "bis". Esta, segundo fontes que tiveram acesso à proposta, deve acontecer fora das mãos da presidência dinamarquesa.
A avaliação geral no Bella Center, sede do evento, é que a Dinamarca foi um redundante fracasso, dizem delegações de países emergentes e europeus ouvidas pela Folha. A crise de confiança provocada pela apresentação abrupta de uma proposta unilateral logo no início da conferência é uma das principais razões para o naufrágio da cúpula.
A versão de declaração que circula pelo Bella Center, resultante de horas de reunião entre os principais líderes mundiais, não estabelece metas de corte de gases-estufa para 2020. Fala-se apenas em uma redução de 50% das emissões até 2050 e genericamente de um fundo de US$ 100 bilhões para o mesmo ano, sem dizer de onde vem o dinheiro nem como ele será usado.
Em discurso duro, feito de improviso e longamente aplaudido, Lula enumerou as ações do Brasil e disse que o país estaria disposto a contribuir para um fundo se isso salvar a conferência.
"Não sei, se não fizemos até agora, um anjo ou um sábio descerá e colocará na nossa cabeça a inteligência que faltou até agora", afirmou Lula. "Todos nós poderíamos oferecer um pouco mais se tivéssemos assumido boa vontade nos últimos tempos."
O presidente também ressaltou os esforços dos países emergentes. "No Brasil tem muitos pobres, na África tem muitos pobres, na China e na Índia tem muitos pobres."
Já o americano Barack Obama, que tomou seu lugar no púlpito, criticou os países que não aceitam se submeter à verificação de suas ações --crítica velada à China. Os países desenvolvidos usam esse argumento para justificarem sua inação.
Minutos antes, Lula havia reclamado da "intrusão nos países em desenvolvimento e países pobres".
Fonte: Folha (CLAUDIO ANGELO/LUCIANA COELHO)
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Surpresos? Eu não. Confesso a vocês que desde o início da conferência imaginava que o final seria esse, pautado por desacordos em vez de acordos. Péssimo para o Planeta que, se ainda não agoniza, está a caminho da UTI. Restá-nos continuar a mobilização, cada vez mais unidos. No âmbito mundial é quase nada, mas diante do tribunal de nossas consciências é muito.
Manoel Soares Magalhães
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
O julgamento da história
Em entrevista coletiva hoje à noite, em Copenhage, Dinamarca, na Conferência do Clima das Nações Unidas, o presidente Lula disse que a união dos líderes das nações mais poderosas do mundo, na tentativa de chegar a um acordo no sentido de diminuir a emissão de gases nocivos à atmosfera, é imperiosa. Caso isso não seja possível, a história os julgará sumariamente.
O presidente francês, Nicola Sarkozy (foto), é da mesma opinião de Lula. Em seu discurso, ele defendeu a manutenção dos esforços para se atingir as metas estipuladas pelo Protocolo de Kyoto.
"As pessoas querem manter Kyoto, OK, vamos manter Kyoto. Mas vamos chegar a um entendimento político abrangente", comentou ele.
"Um fracasso em Copenhague seria uma catástrofe para cada um de nós. Se continuarmos desta forma, caminharemos para o fracasso".
As falas mais duras, hoje, em Copenhage, foram de Lula e Sarkozy, os quais não mediram palavras para sensibilizarem os líderes dos países ricos, os quais, embora seja o desejo do mundo, parecem não querer firmar acordo. A China, por exemplo, negou-se a chegar a um consenso sem abrir mão de sua posição. Por que? Ora, muito simples. Não quer mexer no bolso, e, sobretudo, não admite interferência em sua soberania. Uma das potências mundiais, cuja riqueza está sendo erijida graças a emissão de “veneno” à natureza, nega-se a entrar para a história graças a sua posição egocêntrica.
Os Estados Unidos e a própria China, dois maiores poluidores do mundo, apresentam posições antagônicas, com os Estados Unidos defendendo que as emissões chinesas possam ser vistoriadas internacionalmente e o governo chinês afirmando que divulgará os números, mas não aceita intromissões em sua soberania. E os EUA? Bem, todos nós sabemos qual será a posição do Tio Sam. Não muito diferente da firmada em Kyoto. O mundo ficará surpreso se medidas inteligentes forem adotadas, visando diminuir as emissões de gases. Vamos ver o que acontece até amanhã, último dia do encontro. Senhores, rezemos.
Manoel Soares Magalhães
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Belo e assassino, coral-sol invade costões em Ilhabela
Aos olhos do mergulhador visitante, a beleza do coral-sol, com seus tentáculos amarelos que parecem iluminados, some antes mesmo da segunda sugada de ar no regulador.
Basta lembrar o que os cientistas haviam dito sobre o animal antes de a exploração submarina começar: “Vamos observar uma espécie invasora, que mata os corais que só vivem na costa do Brasil”.
Membros da ONG Terra e Mar – Gilberto Mourão foi quem encontrou o invasor em São Paulo- e pesquisadores do Centro de Biologia Marinha da USP estão desde janeiro convivendo com essa espécie assassina, que pela primeira vez é detectada no país fora do Estado do Rio de Janeiro. Agora é oficial: os invasores estão migrando rumo ao sul.
O coral-sol não é o único estrangeiro em ação em águas nacionais. Levantamento inédito feito pela USP, que será divulgado em outubro, mostra a invasão de pelo menos outras 35 espécies marinhas.
Para ver o belo e assassino coral-sol, a reportagem da Folha, a bordo do barquinho Shark – com o professor aposentado da USP José Carlos de Freitas no comando -, mergulhou no litoral norte (o local exato é segredo para que curiosos não atrapalhem as pesquisas) na quinta-feira.
O inimigo estava lá, no costão rochoso, a profundidades que variam de 50 centímetros a 15 metros. O maior tapete coralino estava sob uma rocha grande, em uma zona que costuma ficar boa parte do tempo na sombra. Sem luz, os tentáculos dos pólipos (os indivíduos das colônias) ficam mais abertos.
O diagnóstico inicial confirma que, só em águas paulistas, essa espécie de coral originária do Indo-Pacífico ocorre em um triângulo de aproximadamente 25 mil metros quadrados.
No Rio, no canal de Ilha Grande, onde o coral é mais abundante, a invasão ocorre ao longo de 25 quilômetros.
Segundo Alberto Lindner, pesquisador do Cebimar e organizador da expedição, o coral-sol (gênero Tubastrea) é uma ameaça “porque ele mata o coral-cérebro” (Mussismilia hispida), uma das espécies que só existe no Brasil.
Registros dessa agressão, que ocorre porque o coral invasor cresce sobre o endêmico e promove a necrose dos indivíduos, foram feitos pela equipe de Joel Creed, da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). O grupo estuda a invasão do coral-sol desde 2000.
Outro risco potencial que pode ocorrer, segundo os cientistas, é também altamente impactante para a biodiversidade marinha brasileira. O coral-sol, segundo Lindner, ao ocupar o seu espaço de forma agressiva (ele se reproduz entre 12 e 18 meses, o que é bem rápido para um coral) afugenta os invertebrados marinhos e peixes que já viviam naquele local. ‘Isso pode ter até conseqüências econômicas, dependendo dos animais que são deslocados’, disse o pesquisador da USP.
A chegada do coral-sol, primeiro ao litoral do Rio de Janeiro, provavelmente há quase 20 anos, e agora há menos tempo em São Paulo, não é fruto de uma distribuição aleatória causada pelas correntes marinhas. A culpa, aqui, é dos navios que carregam petróleo.
“É praticamente certo que o transporte desses corais [ao longo do Sudeste] ocorra tanto por plataformas quanto pelos cascos dos petroleiros, que trazem óleo da bacia de Campos para os terminais de Ilha Grande e para o Terminal Marítimo Almirante Barroso, em São Sebastião”, diz Linder.
Relatos científicos, também feitos pela Uerj, mostram que as plataformas “off-shore” da Bacia de Campos, no final dos anos 1980, foram os primeiros pontos de desembarque do coral-sol no Brasil. Essa espécie emigrou do Caribe, onde chegou desde o Oriente nos anos 1940, e se alastrou pela região.
Pela raiz
Migração confirmada, o levantamento científico que teve início no mês passado vai aumentar. Segundo Lindner, expedições serão feitas nas próximas semanas desde a região da Ilha Anchieta (Ubatuba) até a Laje de Santos, ao sul.
Lindner defende a criação de uma estratégia de erradicação dos invasores tão logo o mapeamento esteja concluído, para evitar que o coral-sol continue a se espalhar pelo país. No Rio, a Uerj já se prepara para executar um plano radical de extermínio: com o apoio de pescadores de Ilha Grande, os pesquisadores tentarão raspar as colônias das rochas.
(Fonte: Eduardo Geraque / Folha de S.Paulo, publicado em 06/10/2008)
OBS: Os cientistas ambientais do projeto "SOS" Planeta Terra indagam: E o governo, porque não se manifesta e concede suporte logistico da própria Marinha para defesa de nossa riqueza oceânica?
Carta Aberta
Copenhague é a única chance de impedir mudanças climáticas catastróficas, e as negociações estão falhando. Somente a pressão pública massiva poderá salvar Copenhague. Assine você também está petição global histórica - clique abaixo:
Com apenas três dias para terminar, a Conferência de Copenhague está falhando.
Amanhã, os líderes globais irão chegar para um encontro inédito de 60 horas diretas de negociações. Os especialistas concordam que sem a pressão da opinião pública global por um acordo forte, o encontro não conseguirá impedir o aquecimento global catastrófico de 2 graus.
Clique abaixo para assinar a petição por um Acordo pra Valer - a campanha já conta com um número surpreendente de 11 milhões de apoiadores - vamos transformá-la na maior petição da história nas próximas 72 horas! Os nomes serão lidos diretamente na Conferência de Copenhague - assine no link abaixo e envie este alerta para todos os seus contatos!
A equipe da Avaaz está se reunindo diariamente com os negociadores em Copenhague e iremos providenciar uma entrega espetacular da petição aos líderes a medida que eles forem chegando. Os nomes serão colocados em um muro gigante de caixas e serão lidos um a um. Com a maior petição da história, os chefes de estado não terão dúvida de que o mundo inteiro está atento ao que está acontecendo.
Milhões de pessoas assistiram pela televisão a vigília da Avaaz dentro do encontro, onde o Arcebispo Desmond Tutu disse a centenas de delegados e crianças reunidas:
"Marchamos em Berlim e o muro caiu.
"Marchamos pela África do Sul e o apartheid caiu.
"Marchamos em Copenhague - e vamos conseguir um Acordo pra Valer."
Copenhague busca o maior mandato da história para deter a maior ameaça que a humanidade já enfrentou. A história será escrita nos próximos dias. Como nossos filhos vão se lembrar deste momento? Vamos lhes dizer que fizemos tudo o que podíamos .
Com esperança,
Ricken, Alice, Ben, Paul, Luis, Iain, Veronique, Graziela, Pascal, Paula, Benjamin, Raj, Raluca, Taren, David, Josh e toda a equipe Avaaz.
Lula embarcou para Copenhage em busca de acordo sobre o clima
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarcou ontem (15) para Copenhague, na Dinamarca, onde participará da 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15). Até a próxima sexta-feira (18), negociadores de mais de 190 países terão a difícil missão de chegar a um consenso sobre o novo acordo climático para complementar o Protocolo de Quioto depois de 2012.
Chefiada pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, a delegação brasileira conta ainda com integrantes dos ministérios das Relações Exteriores, do Meio Ambiente, da Ciência e Tecnologia e da área econômica. O Brasil chegou ao evento, iniciado na semana passada, com o compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito estufa entre 36,1% e 39,8% até 2020.
O país lidera o ranking de combate à mudança climática divulgado dia 14 pela organização não governamental (ONG) Germanwatch e pela rede Climate Action Network. Pela primeira vez desde que o indicador começou a ser medido, um país emergente ocupa a liderança, superando nações desenvolvidas como a Suécia, a Alemanha e a Noruega.
Fonte: Agência Brasil
O feijão com arroz
A preocupação com o meio ambiente começa dentro de nossa casa, o espaço privado, mediante consciente seleção do lixo, separando o orgânico do não orgânico. Uma vez bem organizados em sacos separados, estão prontos para serem recolhidos pela empresa responsável pela coleta de lixo.
Conheço gente que acompanha através dos noticiários os acontecimentos da Cúpula do Meio ambiente, que acontece em Copenhage, Dinamarca, preocupados com o destino do planeta, mas, dentro da própria casa, comete erros infantis quanto a forma de organizar seu próprio lixo.
Os resíduos que saem de nossas casas, mal-arranjados, sem a devida seleção, acaba sendo manuseado pelos moradores de rua, famintos, os quais deixam o que não querem esparramados pelas calçadas, ruas, transformando a cidade numa imensa lixeira.
Quando chove – e tem chovido muito ultimamente – as águas levam o lixo em direção às bocas de lobo, entupindo-as.
A enxurrada acaba levando toneladas de lixo em direção aos riachos, arroios e rios, trazendo danos às espécies que neles habitam.
Portanto, a salvação do Planeta começa, sim, dentro de nossa casa, e isso precisa ficar bem consciente. É muito bonito fazer discursos salvacionistas, gritar palavras de ordem contra os EUA e os demais países ricos e industrializados, nações que terão de pagar a conta pela diminuição da emissão de gases nocivos à atmosfera, se no espaço privado o feijão com arroz não é feito.
A natureza agradece por essa atitude inteligente.
Manoel Soares Magalhães
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
COP-15: Meta é reduzir incêndios em 75% no Brasil
queimadas no Brasil
Todos os anos, aqui e ali, queimadas pipocam pelas matas do Brasil, muitas vezes destruindo parques nacionais e colocando em risco espécies vegetais e animais. Naquilo que depender do Ministério do Meio Ambiente, a intenção é que esta realidade mude. O MMA anunciou um plano de ações de combate às queimadas no País, com a meta de reduzir em 25% a área dos incêndios até 2010 e em até 75% no ano de 2013.
As medidas fazem parte da estratégia brasileira para diminuir as emissões de gases do efeito estufa em 39% até 2020 (resolução já anunciada para a 15ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-15), que acontece em Copenhague, na Dinamarca). Para tanto, o governo federal pretende investir R$ 20 milhões nesta área até 2011.Hoje, vale esclarecer, as queimadas representam entre 50% e 70% das emissões de dióxido de carbono (CO2) no Brasil.
E para combater tamanho estrago, o País possui apenas 2,8 mil brigadistas contratados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pelo Instituto Chico Mendes para proteger as reservas ambientais. É uma gota num oceano. A intenção é que sejam contratados mais 2,5 mil profissionais nos municípios que atualmente não têm unidades do corpo de bombeiros. Outra medida será equipar as unidades estaduais com aeronaves, lanchas e viaturas para a criação de grupos específicos de socorro florestal.
Fonte: Agência Estado
Serra e Minc defendem etanol em Copenhage
Governador José Serra
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), defenderam o etanol hoje, em Copenhague, como uma das principais iniciativas do Brasil para reduzir a emissão dos gases que causam o efeito estufa. Durante evento paralelo realizado pela Aliança Brasileira pelo Clima, Minc afirmou que a comunidade internacional não tem mais motivo para duvidar da sustentabilidade da produção brasileira do combustível renovável.
"Fizemos o zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar para garantir que nosso etanol seja 100% verde. Garantimos com isso que não haverá novas usinas de cana no Pantanal, na Amazônia, em áreas de vegetação nativa e que não vai haver queimadas", disse. Para o ministro, países que criticam o modo de produção brasileiro não têm mais motivos para criar barreiras comerciais ao etanol.
Minc também destacou a moratória da soja que, segundo ele, está sendo cumprida por 97% dos produtores da oleaginosa, que não desmatam mais para plantar. "A soja deixou de ser fator relevante de desmatamento da Amazônia", comemorou.
Serra argumentou que o modelo de desenvolvimento baseado em energia fóssil está em crise e considerou o etanol "um dos grandes cacifes do Brasil no plano internacional". Segundo ele, por causa do intenso uso de etanol, o Estado de São Paulo tem um quarto da emissão de carbono per capita da média brasileira. "Avançamos mais que outros países na área de energia renovável", afirmou. Serra disse, ainda, que a cada oito unidades de energia de etanol produzidas, utiliza-se apenas uma de energia fóssil, o que contribui para a redução das emissões de CO2.
Minc também destacou a participação do biocombustível na redução das emissões de gases com a substituição dos combustíveis fósseis pelo etanol. Por esse motivo, as metas de redução de emissões brasileiras são as mais arrojadas entre os países em desenvolvimento", disse. "Poderemos ser a ponte nas discussões entre as nações ricas e os países em desenvolvimento."
Carlos Minc
Fonte: Agência Estado
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
domingo, 13 de dezembro de 2009
Confrontos nas ruas e tentativas de acordo em Copenhagen
Na véspera do encontro de dezenas de ministros e altos funcionários do Meio Ambiente dos 192 países, em Copenhagen, policiais e manifesfantes se defrontaram nas ruas. O clima ficou quente, exigindo muito da força de repressão. Indiferentes ao que acontece nos bastidores, os "homens" fortes têm esperança de conseguir acordos que possibilitem a diminuição da emissão de gases do efeito estufa.
Estes negociadores deverão preparar o caminho para que os 110 chefes de Estado e de Governo coloquem a base para encaminhar as negociações rumo a um documento juridicamente vinculativo sobre as emissões, a fim de substituir o Protocolo de Kioto, em vigor até 2012.
A conferência, que reúne entre 7 e 18 deste mês mais de 15 mil presentes, entre delegações oficiais, ONGs e imprensa, teve um duro enfrentamento entre os países ricos e em desenvolvimento em busca de recursos para mitigar as consequências da mudança climática nas nações pobres.
O porta-voz do G77, Lumumba Stanislaus Di-Aping, disse ontem à noite que "as coisas não vão nada bem. Com toda probabilidade, esta conferência vai a fracassar, devido às más intenções de algumas pessoas", em clara alusão à atuação do Governo dinamarquês como anfitrião da reunião.
Sobre os propósitos da Dinamarca na conferência, Di-Aping respondeu que não eram "nada bons".
O fundo destas declarações é uma minuta do Governo dinamarquês sobre a divisão das responsabilidades pelos efeitos do aquecimento global que vazou e que favorecia os países desenvolvidos nos preparativos sobre a redução de dióxido de carbono (CO2).
O choque de interesses entre China, que lidera o G77, e Estados Unidos na cúpula foi espetacular, principalmente devido à postura inamovível da China de não melhorar sua oferta de corte de emissões e a recusa de Washington de financiar medidas para que a China corrija os desmandos ecológicos em sua industrialização.
Sem um acordo entre estes dois países, que juntos contribuem com 40% das emissões globais de CO2, é considerado certo que fracassará em Copenhague o objetivo de conseguir um resultado vinculativo sobre as emissões.
A conferência também esperava hoje que a União Europeia alcance um acordo sobre o financiamento para mitigar os efeitos da poluição nos países em desenvolvimento.
A respeito, o movimento ecológico Greenpeace aplaudiu a proposta do grupo de 42 países ilhéus e litorâneos Aosis para que se alcance um compromisso vinculativo em Copenhague, que inclua uma profunda redução das emissões e um sólida financiamento para o mundo em desenvolvimento.
"Um acordo legalmente vinculativo, justo e ambicioso não só é essencial para a sobrevivência das nações menores e mais vulneráveis do planeta, mas para todos nós", disse o coordenador de política climática do Greenpeace, Martin Kaiser.
Fonte: UOL
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
O rascunho (salvacionista) de Copenhage
Copenhage, hoje.
Pois é, segundo rascunho divulgado hoje em Copenhage, resultado de acordo da conferência da ONU sobre mudanças climáticas, fixa como meta mínima o corte de 50% das emissões de gases causadores do efeito estufa até 2050 (sobreviveremos até lá?).
Outros parâmetros discutidos dão conta de cortes na ordem de 85 e 95% até 2050, tendo como base o ano de 1990. Bem, ai seria acreditar em Papai Noel – crença absolutamente infantil.
O tal rascunho, que até transformar-se em texto oficial pode trazer ainda muitas surpresas – negativas, claro, diz ainda que a temperatura da Terra não deve aumentar mais de 1,5 ou 2 graus, tendo como referência o período inferior à era industrial.
Os países ricos, ainda de acordo com os “rabiscos”, têm de se comprometer legalmente, isto é, serem forçados pela lei a cortarem de fato – e de direito – suas emissões nocivas à natureza.
Quanto às nações em desenvolvimento, as medidas são mais brandas, porém devem tomar medidas eficazes no sentido de limitar o aumento de gases que causam o fatídico efeito estufa.
TECNOLOGIA
Anuncia ainda o texto que os países abonados deverão fornecer tecnologia e recurso no sentido de auxiliar à luta contra a mudança climática, enfatiza o texto, destacando ainda que as nações industrializadas, até 2020, devem pelo menos cortar as emissões de veneno à atmosfera em 25%, podendo chegar a 30%.
Bem, se não era exatamente o que o mundo esperava, o rascunho – que espero seja corrigido para melhor – deixa-nos um pouco mais tranqüilos.
Com relação a quem vai pagar a despesa, as “mal traçadas” linhas apontam os "cartolas" - não do universo futibolístico - mas os (in) dignos representantes do imperialismo pós-moderno.
Manoel Soares Magalhães
Cafezinho com os parentes do norte
A intenção era criar um monstro, de muita carne (defumada) e osso. Ele nasceu e passeou livre, altivo, por todos os cantos, trazendo seu calorzinho leve enquanto estava de bom humor. Só que um dia, cansado da hegemonia estilo zen que vinha desempenhando, ele baixou a sobrancelha, deu um espirro e saiu rebolando.
O tal do espirro respingou em numa turma dos Estados Unidos. Mas quando a CNN divulgou, disseram que a culpa era isolada, duma Dona Katrina meio revoltada. Abalado, o monstro foi conhecer o sul da Ásia. Quando notaram a quimera rebolando forte nas praias da Indonésia, trataram de disfarçar dizendo que, não, a culpa era novamente isolada... dum japa meio louco, procurado internacionalmente, que atende pelo nome de Tsunami.
Pois é. Acabou que ninguém mais conseguiu esconder as confusões do pimpolho e tiveram de chamaram os pais da criança-monstro para uma reunião em Copenhage. Alguns dos intimados a comparecer foram para lá contrariados. Diziam que o filho não era deles! No máximo, seriam parentes distantes, sabe-se lá.
Felizmente para alguns, o tio Obama levou até um teste de DNA para comprovar a descendência remota do assombroso. Cruzaram as informações para provar que o pai do pai do pai do pai dele era esquimó, ou seja, um camarada que vive no meio do nada em sem tecnologia nenhuma. Com isso, queriam dizer que, pobre coitado, ele é natural mesmo. Estava aí há muito tempo, só que atualmente em má fase, sendo a idéia mais acertada apenas dar um tapinha nas costas do calorento mandá-lo relaxar nas montanhas.
Na entrada da sede do ajuntamento da parentada, na fria Copenhage, um incendiário que chegou lá remando, direto de Tuvalu*, estava pronto para lançar na turma de gravata o seu ardente molotov. Mas os caras do Greenpeace seguraram-no, dizendo que fumaça da sua garrafa flamejante poderia fazer sua ilha de origem afundar. No meio do agarra-agarra, parecia que alguma coisa estava queimando... e não era o coquetel do Tuvaluano.
Ninguém acreditou quando se viu entrar na sala de reuniões, ele, o próprio Chamuscado, o Labareda, Calorento, Inflamado, enfim... o cara tem muitos nomes para os íntimos. O Pirado acenou para a multidão enfurecida e foi se sentar ao lado do tio Obama. Chamaram o monstro para falar em Copenhage! Devia ser para garantir o contraditório, a ampla defesa do acusado, ou coisa do tipo. Decepção.
Ao redor da mesa, após muita explanação, ficou decidido que ele era mesmo filho do esquimó, e que, portanto, era natural. Apenas acertaram que um dos presentes ia aparecer em público, com transmissão ao vivo pela CNN, para explicar que ninguém tinha culpa de nada... Todos aplaudiram a resolução. Até o Combustado se emocionou, dizendo que era uma alegria saber que tinha parentes naturais.
Enquanto os reunidos confraternizavam, titio Obama suava frio num canto, confidenciando ao estadista alemão que, na verdade, falsificara os exames de DNA. O garotão não era filho de esquimó coisa nenhuma, mas sim fruto de um projeto desenvolvido há muito tempo pela humanidade. Projeto que ele, Obama, assumira o compromisso de levar adiante quando carimbou a carteirinha de candidato às eleições presidenciais estadunidenses.
De mansinho, aproveitando que tinham ligado o ar condicionado para abrandar a temperatura da sala, o Labareda, que estava a cada instante sendo menos “sentido” pelos engravatados, resolveu abandonar a assembléia pela porta dos fundos. Visivelmente emocionado, pôs-se a correr para encontrar algum parente esquimó para dar um abraço quente. Que dia feliz! Na porta da frente, o Tuvaluano passou a mão na canoa e decidiu voltar para casa, certo de que não seria desta vez que seria ouvido. Remou, remou, remou...
Tuvalu havia afundado de vez. Sinal de que o Fogaréu já tinha tomado café com os parentes lá no pólo norte.
*Tuvalu, um dos menores estados independentes do planeta, tem uma popularção de cerca de 12 mil pessoas. Com o território completamente ao nível do mar, deverá desaparecer em breve, entrando para a história como o primeiro país cuja população será inteiramente vitimada pelo aquecimento global.
Anderson Reichow, 23 anos, estudante de direito, vegano e servidor do judiciário. andersonreichow@gmail.com - Especial para o Blog
SOS... from Kyoto to Copenhagen
Paralela...”mente” à Copenhagen, - ontem (10/12/2009) - terminou a “Conferência de Bangkok – que é mais um dos encontros preparatórios para a COP15, da futura conferência da “ONU” (Organização Nações Unidas). Já preparam novas desculpas para a mídia, proteladas em definições do que acontecerá depois de 2012, quando encerra o prazo de validade dos fracassados compromissos (pactuados e não realizados) para efetiva redução dos gases de efeito estufa firmados por meio do falecido “Protocolo de Kyoto.”
A “natureza do jogo” dos países ricos é de pressionar os países pobres colocando na mesa de apostas “o “jogo da natureza”. Há muita coisa em jogo: florestas, rios, oceanos e seus seres, além de bilhões de pessoas que não entram neste “cassino” de altas apostas nas chaminés, poços de petróleo, metais nobres, indústrias de alta tecnologia e poluidoras, além das madeireiras e mineradoras.
É óbvio que todos os países que tem metas de redução dos índices de poluição, ( mas que também são grande poluidores) como o grupo do “BRIC” (Brasil, Rússia Índia e China) serão pressionados a ter visibilidade de metas. Na guerra de argumentações, os Estados Unidos tem um coringa - “um ás de ouro” – com o recente Premio Nobel da Paz, Barack Obama, que desvia atenções da mídia.
Os pobres países argumentam cheios de razão que (quem tem tradição em poluição e já ficou rico poluindo o Planeta Terra) deve ter idênticas metas ou usar mais tecnológicas, bem como ajudar as nações (pobres) em desenvolvimento a alcançar suas metas pelo aporte de recursos financeiros e imediata transferência de tecnologias
Já existem estruturados novos mecanismos financeiros, (...como o pagamento para se manter a floresta em pé – REDD - ) que têm força exponencial para redesenhar economias. Porém, todas estas reuniões preparatórias são um “jogo de paciência”, pois todos representantes de governos têm diárias dolarizadas, com desculpas ensaiadas para a mídia, com alegações diplomáticas de que tudo vai dar certo. Mentira? Ou verdades?!
Todos empurraram a poluição para debaixo do tapete, debaixo dos solos, dentro dos rios e oceanos e biosfera. Daí, para nosso insensível nariz, olhos e garganta... até chegar ao sangue e ser transmutado no câncer nosso de cada dia... por embotamento cerebral da sociedade, é uma vida à menos. Puxa! Como custa pensar? Você acredita que eles estão preocupados com a saúde humana e ambiental? Ou com a economia deles? Quem falar em consenso, também mente! Os pobres não têm dinheiro nem “lobbies” e assim, jogam as cartas na mesa... são parceiros blefados!
Assim, o jogo de argumentos jamais supera os argumentos da poluição. O controle das emissões dos gases do efeito estufa serão maiores amanhã mesmo. Quantos veículos (carros, motos, caminhões, tratores) serão liberados – hoje - para o transito no país?
Enfim! Quanto custa reunir todos estes conversadores ambientais internacionais? Haja mordomias! Suítes, tapetes vermelhos, guarda-costas e nada de proveitoso para a Mãe-Natureza. Ela só recebe resíduos, poeiras, radiações, lixos... num autentico monumento ao nada! Como podemos falar em “homo sapiens”? ... se os interesses individuais de meia dúzia se sobrepõe aos interesses coletivos de bilhões de habitantes planetários?
Todos os planos econômicos têm previsão de metas de 10-15 anos. Todas as desgraceiras ecológicas estão na contagem regressiva e deviam ter sido prevenidas à mais de 20 ou 30 anos! Que futuro (ir)racional e (anti)ambiental se esconde em Copenhagen? Parece que temos um holocausto global em franca premeditação? ... Ou sou meio paranóide?! Que lições se pode tirar de erros tão caros à sociedade global? E as razões técnico-científicas dos desequilíbrios (ou desarmonia) ecológicas ficarão sempre consideradas em segundo plano? Debaixo da vontade do poder que se julga eco eficiente? E que jamais abrem mão dos impostos, (ou taxas) que fazem seus cofres renderem lucros exorbitantes! Que não apostam - “vinténs” - nos projetos e idéias de valores da sociedade (...de ONGs com pesquisas em C&TI ambientais) para trazer eco soluções práticas e perfeitas ao Planeta Terra?!
Afinal: O fracassado “Protocolo de Kyoto” será substituído pela inútil “Convenção de Copenhagen”? Que depois será substituída pelo Tratado de Bangkok? Em seguida, terá nova Conferencia de Genebra?... e tudo continuará na mesma?
A “ONU” precisa se impor! Precisa se valer da sua posição e, – num consenso global – determinar que o planeta Terra não suporta mais encenações teatrais de soluções de faz de conta? Não perceberam que estamos num ecocídio global irreversível? E que não adianta analfabetos ecológicos tupiniquins (prefeitos daqui e de acolá) irem passear e fazer turismo, às nossas custas? Cadê os projetos científicos tecnológicos ambientais? Quando os autênticos cientistas e pesquisadores terão voz & vez?
Enquanto isso,... a ampulheta do tempo prossegue! ...devorando "Agenda 21; Carta da Terra, Objetivos do Milênio, Proclamações disso e daquilo" que a maioria da população ( ... e governantes!) desconhecem! ...nem sabe o que significam!
Dr. Gilnei Fróes
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Copenhage Mudanças Climáticas – realidade ou ficção?
A humanidade está assistindo a um intenso debate sobre Câmbios Climáticos e as discussões que giram em torno da redução de CO2 – o suposto responsável – junto com outros chamados gases de estufa.
Todo o debate foi desencadeado basicamente pelo fato de que as variações climáticas e os eventos climáticos extremos causam crescentes catástrofes e sofrimento humano. Milhões de pessoas são atingidas por enchentes, secas, tsunamis e ciclones, causando terríveis perdas de vidas e impactos ambientais e econômicos.
Assim a discussão gira em torno de dois assuntos principais:
1. Estamos ou não numa fase de esquentamento do planeta?
2. Este aumento é ou não causado pelas atividades humanas?
3. O aumento da temperatura global se deve ou não ás emissões de CO2 e as gases estufas?
A opinião aparentemente dominante é que o aumento geral da temperatura global é de fato causado pelas atividades humanas e que a resposta para mitigar os efeitos catastróficos destas mudanças climáticas devem ser a redução de emissões de CO2.
Neste contexto, assistimos as brigas intermináveis entre os governos para negociar taxas de redução do CO2, debates sobre o tal de “mercado do Carbono” e até ameaças de inventar um imposto para financiar a redução de emissões de CO2, para arcar com os custos de uma eventual mudança no uso de energias fósseis para energias chamadas limpas.
Para o público em geral é muito difícil de formar uma opinião, porque o debate é fundamentalmente travado por cientistas num contexto de intensas brigas por interesses econômicos e políticos, não sempre muito transparentes.
Vamos tentar desvendar alguns pontos que parecem importantes de serem discutidos:
1. A primeira questão é: há Câmbios Climáticos e aumento global da temperatura?
Câmbios climáticos são fenômenos naturais que ocorreram permanentemente durante a história do nosso planeta, e certamente ocorrerão no futuro. O que está em discussão é, se as atividades humanas têm alguma coisa a ver com isso e caso positivo como estamos influenciando o clima e que podemos fazer.
Precisamos, portanto, primeiro verificar como se medem os câmbios climáticos.
Medições diretas de temperatura somente existem de fato desde o século 18. Mas é possível reconstituir o clima do passado através de dados históricos (relatos, publicações, relatórios de viajantes, etc.), análise de testemunhos de perfurações em geleiras, anéis de crescimento de árvores antigas, análises de sedimentos e evolução de corais, fósseis, etc.
Por outro lado, se quisermos saber se o clima muda globalmente, é necessário medir temperaturas em várias partes do mundo, tanto em regiões montanhosas como: nas planícies, desertos, oceanos, em tempos e intervalos diferentes. Isto porque, câmbios ou variações climáticas podem ocorrer de maneira diferente em partes diferentes do planeta.
Essas pesquisas foram feitas por um grande número de pesquisadores e demonstram resultados surpreendentes: entre os anos 1000 e 1350 D.C houve uma época de altas temperaturas na Europa, o chamado período quente medieval, seguido por uma época de temperaturas baixas entre 1400 e 1900, um tipo de período interglacial. Estas duas épocas de mudanças climáticas foram registradas em outras partes do mundo, com intensidades e variações regionais. A próxima figura mostra as temperaturas mais elevadas em vermelho. E de fato constata-se que vivemos aparentemente o início de uma época semelhante aos tempos medievais.
Comparando a temperatura média global de 1968-98 com as temperaturas desta época quente medieval, verificamos que elas eram aproximadamente 2.5°C mais elevadas na África, 0.5°C na Ásia e de 3.4°C na Europa.
2. Outro dado interessante é que os câmbios climáticos na história geológica, não foram diretamente relacionados com a concentração de CO2 na atmosfera. Houve épocas geológicas com elevadas concentrações de CO2 e temperaturas relativamente baixas, e vice versa como mostra a próxima figura. A figura mostra a concentração atmosférica de CO2 (linha preta) em relação à temperatura média do planeta (em azul), desde a época geológica do Cambriano.
3. Considerando estes dados, é lógico que a discussão em torno da responsabilidade do CO2 e dos gases de efeito estufa nos processos de câmbios climáticos está esquentando, com intensos debates e brigas em relação ao assunto. Existem pesquisadores que defendem o aumento da temperatura global, outros até afirmam que há um resfriamento e outros ainda dizem que, o aumento de temperatura não tem nada ver com as emissões de CO2 e gases de estufa.
Vejamos o que pode ser deduzido dos prós e contras deste debate:
a) Tudo parece indicar que de fato vivemos numa época de mudanças climáticas e de certo aumento global de temperatura. Na história geológica certamente a atividade solar, o balanço hídrico global (ligado a cobertura vegetal), modificações da posição dos continentes (continental drift), do eixo de rotação da terra e da órbita do nosso planeta, jogaram e muito provavelmente continuam jogando um papel importante nas mudanças climáticas do nosso planeta.
b) Entretanto, o clima planetário é resultado de uma conjunção de fatores poderosos e complexos dos quais a emissão dos gases por atividades humanas pode ter algum papel. É possível que a emissão dos gases estufa seja a famosa batida de asas da borboleta na Patagônia. Mas devemos ser humildes e lembrar que grandes mudanças climáticas ocorreram sem a existência de impactos antrópicos, e é muito provável que o sol e as mudanças da posição da Terra na sua órbita, foram os fatores determinantes dos câmbios climáticos globais na história do planeta.
c) Por outro lado precisamos reconhecer o fato que desde o início da revolução industrial aumentamos drasticamente não somente a poluição atmosférica, como a poluição do planeta em geral. A utilização dos energéticos fósseis como o carvão e petróleo empestou nossas cidades e causou doenças endêmicas em milhões de pessoas no mundo. Portanto é absoltamente fundamental que discutimos a redução das emissões de gases que poluem a atmosfera, inclusive de toda a poluição de água, dos solos, etc.
d) Finalmente precisamos considerar que a população mundial aumentou praticamente seis vezes desde o início da revolução industrial, ocupando massivamente espaços tanto geológico como climaticamente instáveis. O resultado é que milhões de pessoas são hoje atingidos por inundações e secas, ciclones, tsunamis, deslizamentos de terra, que em épocas passadas também ocorreram, causaram nenhum ou menos danos á humanidade. Além do mais, a crescente freqüência das inundações nos grandes centros urbanos se deve fundamentalmente a duas causas: (i) a impermeabilização dos solos de imensas áreas urbanas pela cobertura de asfalto e cimento, impede a infiltração das águas da chuva e transforma rapidamente ruas e avenidas em verdadeiros rios, e, (ii) os grandes centros urbanos criam micro-climas com temperaturas médias de 3ºC superiores ao seus ambientes, tornando-se estufas gigantes, capazes de causar mudanças locais do regime de precipitação. São Paulo e outras mega-cidades que o digam.
4. Considerando todos esses fatores precisamos perguntar:
a) Por que todo o debate se concentra com tanta veemência e exclusividade sobre o CO2 e os gases de estufa?
b) Quem garante que uma redução das emissões de fato, é capaz de reduzir a temperatura global ou modificar a atual tendência do câmbio climático?
c) E mesmo admitindo que, o CO2 seja um fator importante, como podemos pretender reduzir a temperatura global, se nem somos capazes de encontrar um acordo minimamente satisfatório sobre as taxas de redução das emissões? Curiosamente os expertos (ou espertos?) foram muito mais rápidos na criação do mercado de Carbono, porque é mais fácil continuar poluindo e pagar o povo da Amazônia para virar guardas florestais.
d) Como os governos podem pretender influenciar o clima se nem conseguem influenciar os “humores” do tal de mercado ou pelo menos resolver o drama da fome, que são conseqüências da atividade humana par excellence?
e) Se o motivo da discussão sobre o aumento das temperaturas é a preocupação com o sofrimento de milhões de humanos com os eventos climáticos extremos, precisamos perguntar por que a reunião de Copenhague não discute o sofrimento humano em conseqüência das guerras, das crises econômicas, desemprego e fome, do crescimento caótico dos centros urbanos com suas periferias miseráveis, que geralmente também são sempre os mais atingidos pelos eventos climáticos extremos?
f) E se os governos estão preocupados com os custos da redução das emissões atmosféricas, eles deveriam começar a discutir o fato porque eles torraram (somente este ano de 2009) um total de 1,46 trilhões de U$ em guerras e armas! No entanto, somente estão dispostos a financiar a ONU com 1,8% desta quantia, para financiar todos os programas de combate à fome e seus projetos de desenvolvimento para atingir os objetivos do Milênio(1).
5. Concluindo, a redução das emissões atmosféricas e a mudança das nossas matrizes energéticas para energias mais limpas e renováveis, são absolutamente necessárias, independentemente se há ou não mudanças climáticas. Há motivos realmente de sobra para fazer isto, mesmo se alguns acreditam firmemente que a redução do CO2 vai resolver o problema e advogam a redução das emissões por esta razão.
Si estas reduções de fato terão um efeito positivo sobre o clima, que seja bem vindo e certamente será um louvável e desejável efeito colateral. Mas querer convencer-nos que primeiro precisamos resolver o problema do clima e depois os problemas da humanidade é a mesma coisa que o famoso conto de fadas dos economistas que nos dizem que primeiro o bolo precisa crescer para poder dividir-lo em seguida.
E que não venham logo os eternos defensores do capitalismo selvagem para usar as controvérsias como argumentos para continuar poluindo o planeta e que o mercado livre vai resolver as mazelas da humanidade.
Entretanto querer focalizar o debate sobre a redução de CO2 com o argumento que isto vai modificar o clima global, e assim vamos salvar a humanidade ou mitigar seu sofrimento, é simplesmente absurdo. Enquanto os governos brigam e barganham por ridículas taxas de redução de CO2 e não estão dispostos em tocar no problema dos gastos astronômicos em guerras e outras atividades destrutivas, todo este debate cheira demais ao famoso ditado: Fazer de conta para inglês ver. No caso os ingleses somos nós mesmos.
N.Fenzl
UFPA, Dezembro, 2009
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