Parente dos lobos selvagens e dos cachorros domésticos, o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) é um animal típico do Cerrado e maior canídeo da América do Sul, podendo atingir até um metro de altura e pesar 30 quilos. Além do Brasil, pode ser encontrado em regiões da Argentina, Bolívia, Paraguai, Peru e Uruguai.
Altivo, esguio e elegante, também é conhecido como lobo-de-crina, lobo-vermelho, aguará, aguaraçu e jaguaperi, todos nomes atrelados a sua bela pelagem laranja-avermelhada, que o torna um dos mais belos animais brasileiros. Na natureza, vive cerca de 15 anos. A cada gestação, que dura pouco mais de dois meses, nascem em média dois filhotes.
Apesar do porte imponente e da alcunha de “lobo”, é tímido, solitário e praticamente inofensivo, preferindo manter distância de populações humanas. Usa suas presas para se alimentar de pequenos animais, como roedores, tatus e perdizes, além de frutos variados do Cerrado, como o araticum e a lobeira (Solanum lycocarpum), alimento muito consumido pelo guará.
É avistado normalmente circulando por grandes campos nos fins de tardes e durante as noites. Nessa rotina, costuma cruzar estradas onde muitas vezes é atropelado. A ampla fragmentação dos remanescentes de Cerrado faz com que animais tenham que deixar refúgios de matas para se alimentar e reproduzir, tornando-se vítimas de automóveis e caçadores, por exemplo.
Entre fevereiro e junho deste ano, um projeto do Instituto Brasília Ambiental registrou 141 atropelamentos na região da Reserva da Biosfera do Cerrado (Estação Ecológica de Águas Emendadas, Parque Nacional de Brasília, Reserva Ecológica do IBGE, Estação Ecológica do Jardim Botânico de Brasília e Fazenda Água Limpa da Universidade de Brasília). Desse total, 26% eram animais domésticos, e 104 espécimes silvestres - 43,3% de aves, 33,7% de répteis e 23% de mamíferos, incluindo lobos-guará, espécie mundialmente reconhecida como ameaçada de extinção.
O WWF-Brasil está retomando suas atividades no Cerrado, onde promoverá a ampliação e efetivação de parques nacionais e outras unidades de conservação, bem como atividades produtivas que reduzam os impactos e promovam a recuperação da vegetação e da fauna nativa do bioma, que é a formação com savanas mais rica em vida no planeta.
Publicado originalmente no site da O WWF-Brasil, organização não-governamental brasileira dedicada à conservação da natureza com os objetivos de harmonizar a atividade humana com a conservação da biodiversidade e promover o uso racional dos recursos naturais em benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações.